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MENÇÃO ESPECIAL NO PRÊMIO ARQUISUR 2012 – categoria extensão
O trabalho de extensão desenvolvido sob orientação da Prof. Catharina Cordeiro,
indicado pra representar a FAUUSP no Prêmio Arquisur 2012.
O Prêmio ARQUISUR envolve trabalhos acadêmicos de universidades da América Latina,
mais especificamente das instituições integrantes da Associação de Escolas de Arquitetura do
Mercosul como algumas faculdades do Brasil, Chile, Argentina, Paraguai, Bolivia, Uruguai etc.
Relatório final do trabalho
NO LINK ABAIXO É POSSIVEL ACESSAR O RELATÓRIO FINAL DO TRABALHO DESENVOLVIDO.
Reação – COOPERCOSE
Com a chegada da COOPERCOSE ficamos esperançosos com a possibilidade de que os catadores se unissem ao “ver de perto” como funciona uma cooperativa e “sentissem” suas vantagens, contávamos que ela seria uma grande aliada nossa à organização, no entanto houve uma reação contrária. Atualmente, do grupo de catadores que conhecemos que utilizavam o espaço aliança, restaram apenas dois após a vinda da COOPERCOSE e esses ainda sem vínculo com a organização.
Desde a primeira visita de aproximação, nas conversas quando citávamos “cooperativa” unanimemente as respostas eram negativas, “assim eu me garanto”, “todo dia eu tenho um dinheirinho no bolso”, “não dependo de ninguém pra sobreviver”, alguns tinham ciência que esse sistema de trabalho era mais vantajoso, mas a vida de catador ainda lhes soava mais segura.
Com a resposta de que os catadores não adotariam a COOPERCOSE como “modelo”, já pelo pré-conceito em relação a esse sistema e agravado pelo próprio conflito de espaço dentro do espaço aliança com o acolhimento deles, em uma das nas nossas visitas organizamos uma ida à _______________, uma cooperativa organizada há ___ anos – uma idéia inicial que se tornava mais do que necessária nesse momento (essa visita foi mais para nós entendermos/conhecermos, pois infelizmente muitos catadores já haviam deixado o espaço aliança). Queríamos com essa visita conhecer a história da cooperativa e de cada um dos trabalhadores, como eles se organizaram, os ex catadores de onde vieram e como foram parar lá, enfim, queríamos instigar-lhes o “porque não¿”.
Ficamos impressionados com a organização e limpeza do galpão, que contava até com uma pequena biblioteca; e nos ajudou muito como referencia, entendendo o espaço, as dimensões, o espaço da triagem – não usavam esteiras, sistema por gravidade –, foi uma ótima visita.
“1) O tempo lento…bacana , participativo, emocionante, criativo, do projeto decente e responsivo (além de responsável), permeado pela arte e com relações de pertencimento fruto da legítima participação…numa palavra, identidade… dos catadores com seu lugar de vida , de trabalho.
Esse é o tempo a que nos propusemos…longo (pelo menos, 12 meses) sereno, costurado devagarzinho, nutrido pela confiança mútua, pactuações, um tempo mais plástico…
2) O momento da combustão…rápido, não participativo (não dá tempo) onde urge uma resposta descomplicada, o incêndio, o “pr’a ontem”. Ilegítimo? Não; igualmente legítimo; seria muita arrogância de nossa parte (e até uma atitude blasé) ignorar o incêndio; ele está aí , na fome e no rosto dos catadores , no desespero das assistentes sociais e de quem realmente se preocupa com o povo.”
Reflexão filosófica de Catharina em e-mail do dia 30/10, sobre a emergência da construção de uma usina de triagem para o pessoal da Coopercose.
Carta da COOPERCOSE
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Encaminhamentos do primeiro encontro
Dos nossos anseios e propostas, o desenho no terrreno em escala 1:1, foi descartado. Nós nos dividimos em três grupos: O pessoal da cozinha; dos desejos e anseio; e o pessoal da memória. Na parte da manhã tivemos nosso tempo de conversas, almoçamos e sentamos em roda para apresentação de todo mundo e desenvolvimento das considerações finais.
Após as atividades e discussões conseguimos, enfim, fazer alguns encaminhamentos, que direcionaram os trabalhos do grupo de extensão para o próximo encontro. Foi identificado o potencial contemplativo, da parte posterior do terreno e a falta de espaços de lazer/estar para essa categoria de trabalhadores.
Na visita, também foi informado, a futura instalação da cooperativa COOPERCOSE, nos edifícios do espaço aliança. A COOPERCOSE é liderada pela Luzia, militante da categoria de recicladores. Há alguns anos, o seu galpão de triagem foi queimado, ficando sem espaço para trabalhar e já se instalaram em diferentes lugares, até sua chegada no City Jaraguá.
Voltamos muito animados acreditando na possibilidade da organização dos catadores.
Ficaram como encaminhamentos para próximo encontro: o projeto de uma praça e trazer exemplos de arquiteturas, afim de animar o pessoal.
Sustentabilidade e Futuridade
A natureza é um patrimônio. Mas um patrimônio não só nosso: ela é de todos aqueles seres vivos que dela dependem, que dela nascem e que nela morrem. A nós, homens e mulheres, cabe-nos respeitá-la e aprender de uma vez por todas que dependemos dela, pois ela é linda e porque elas nos nutre.
A cidade – organismo frankestein das ambições de mil pessoas pululando todos os dias do local de consumo ao local de produção – é, portanto, onde esse debate faz-se mais claro. É nela, e por ela, que ele existe. E cabe a nós coloca-la na pauta do dia. Mas somos também homens e mulheres que se olham.
Não dá para pensar apenas na interface mulher-natureza; homem-natureza. Pensemos em como tratamos aos outros que nos olham. Pensemos em nós e nós. Pensemos na questão social. Na questão cultural. Na memória, nos valores, nas ideologias. No amor fraternal, do ódio paternal. Em tudo o que nos cerca e nos faz de verdade.
Temos, portanto, dois patrimônios que nos dizem respeito diretamente: o cultural e o ambiental. Base da própria matéria ministrada na FAU – Restauro -, esse binômio soa um tanto confuso, mas é extremamente claro se virmos de forma abrangente os objetos de relação do homem com seu exterior. Se Ruskin inaugura o conceito de futuridade no fim do século XIX, quase sem anos depois surge um outro conceito, sustentabilidade, que nada mais é que uma extensão mesma do primeiro.
Pois que ser sustentável e antes de tudo permitir, em uma postura ética, que as próximo gerações possam usufruir de algo que hoje nós usufruímos. É permitir-lhes ver o que vemos, sentir o que sentimos, comer o que comemos. É dar-lhes a possibilidade de escolher. A eles e a todos os seres que convivem conosco.
Mas… e a cultura, essa criação humana que une-nos todos? Ela é a dimensão social dos três âmbitos da sustentabilidade: social – econômico – ambiental.
Importante comentar, por último, o quão importante é relacionar esses temas à cidade. É na cidade pós-guerra, pós-industrial, pós-crise do petróleo que nascem as dúvidas, os problemas. O que fazer se a poluição atinge níveis alarmantes e se o centro histórico inteiro de uma cidade é destruído? O que fazer se a cultura oral de transmissão de valores e memórias de uma coletividade, incluindo ai saberes técnicos aprimorados por anos, se perde ao encontro com a máquina e a alienação?
Sobra-nos refletir, agir e modificar. Proteger o que é nosso e de todos nós é proteger-nos de nós mesmos.
Primeira proposta de workshop
Nós desenvolvemos uma primeira proposta de workshop de aproximação com a comunidade de catadores. Como na vida real, parte dos nosso planejamento não ocorreu como esperado. Para preparação do encontro mandamos uma carta proposta para as assistentes sociais e representantes responsáveis.
No decorrer de nosso trabalho, tivemos conversas sobre os sonhos e as problemáticas identificadas pelos próprios catadores. Fizemos um cartaz esquemático, tentamos resgatar a memória do lugar, cozinhamos e plantamos algumas árvores.
Na ocasião também participou o aluno de design da FAU USP Alexandre Lindeberg, na tentativa de envolver, pessoas que nos trouxessem outros pontos de vistas além da arquitetura.
A baixo estão as cartas propostas de nosso workshop:
“Proposta de primeira atividade de aproximação
Propomos um projeto de um Workshop experimental e participativo com a programação de uma série de atividades que estimulem o trabalho em grupo, a percepção ambiental da paisagem e principalmente a aproximação do grupo de pesquisa da FAU USP e a comunidade de catadores da City Jaraguá.
Para conseguirmos uma aproximação entre os grupos, que seja diferente do padrão em formato de assembléia, sugerimos começar o workshop com a preparação conjunta de um almoço . Para estimular a criatividade, o trabalho em grupo e a percepção ambiental da paisagem, propomos que essa atividade inicial consista na construção espontânea de uma cozinha improvisada ,utilizando materiais de construção, seguida da preparação conjunta do almoço.
Após o almoço, programamos uma oficina de projeto de um espaço de convivência e contemplação ambiental, tal oficina será desenvolvida de forma participativa e experimental, a fim de um resultado projetual possa ser o mais democrático possível.
Essa segunda atividade prevê a experimentação do terreno em escala 1:1 de forma tridimensional em conjunto com a utilização dos meios convencionais do desenho da paisagem (mapas, plantas do terreno, caneta, papel etc.). Dessa forma, o projeto seria desenhado de forma participativa a partir da montagem conjunta do ambiente a ser projetado.
A seguir nossa programação, materiais e cardápio necessários para o desenvolvimento do Workshop :
Programação:
10:00 a.m.– Chegada do grupo de extensão na City Jaraguá
10:15 a.m – Inicio da 1º atividade :
– Apresentação dos participantes
– Início da montagem da cozinha
– Preparação do almoço
– Almoço
13: 30 p.m – Inicio da 2º atividade:
– conversas/ discussões
– experimentação ambiental
– desenhos e croquis
– café com biscoitos
17:00 p.m- encerramento das atividades
OBS: Como a atividades serão um resultado de um processo participativo a programação sugerida está sujeita a modificações de acordo com o desenvolvimento do Workshop.”
“Desenvolvimento do primeiro Workshop de aproximação entre o grupo de estudantes da FAUUSP e os catadores da City Jaraguá.
Apesar de nossa proposta ser um desenvolvimento espontâneo das atividades propostas é interessante termos um roteiro básico do processo que pretendemos fazer.
ATIVIDADES DAS 9:00 ÀS 14:00
Começaremos com uma apresentação em roda de todos os participantes seguida da dinâmica COZINHA/CONSTRUÇÃO DO AMBIENTE DE CONVIVÊNCIA, finalizando com uma discussão do processo vivenciado, definindo, assim, as diretrizes do projeto da área de convivência do grupo de catadores e comunidade oriunda e o futuro cronograma das atividades a serem sugeridas.
De acordo com as decisões de todos os envolvidos. Teremos como cardápio desse almoço – VACA ATOLADA. O material necessário para a construção desse ambiente será fornecido pela secretaria de habitação HABNORTE. Os alunos ficam responsáveis pelo material de desenho, assim como mapas, papéis e etc.
Devido o programa das atividades, não será possível que todos participem de todas as etapas das atividades, dessa forma prevemos que o grupo reunido poderá ser divido em frentes de trabalho, de acordo com o desejo pessoal de cada um. Essas frentes de trabalho poderão ser caracterizadas em atividades do âmbito culinário e nas atividades da construção do ambiente de convivência.
Pretendemos sempre junto com o desenvolvimento das atividades conversar com todos os participantes sobre suas vidas, suas memórias, projeções e sonhos.A fim de conseguir um melhor entendimento das necessidades da comunidade e poder desenvolver um projeto que seja democrático, no qual o ambiente construído provenha, além de suas funções programáticas, a noção de pertencimento ao local; o sentimento de comunidade e a cidadania.
Propomos que tanto essa primeira atividade como as demais sejam documentadas a partir das mídias digitais (fotos e filme), para que no final possamos ter um material de registro com uma linguagem mais acessível do que o modo tradicional através do inventariado escrito.
Acreditamos que teremos uma experiência muito proveitosa, e que principalmente todos se divirtam.”